Período: Março de 2023 a Setembro de 2023
Equipe Responsável: Marcello Silva Nery e Fernanda Pedreira Tabacow (Muriqui Instituto de Biodiversidade)
A Missão de Salvar o Muriqui-do-Norte
Em meio às densas florestas de Minas Gerais, uma importante iniciativa de conservação está em andamento. O Projeto Muriqui, coordenado pelo Muriqui Instituto de Biodiversidade, tem como objetivo principal aumentar o número de indivíduos da população de muriquis de Ibitipoca, favorecendo seu resgate genético e demográfico, além de criar uma Rede Cidadã Pró-Primatas envolvendo as comunidades locais.
Os muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) estão entre os primatas mais ameaçados do planeta. Por isso, a localização de pelo menos seis indivíduos manejáveis em um prazo de 24 meses tornou-se a meta central deste projeto, que busca reverter o declínio populacional da espécie em áreas específicas.
Primeiras Conquistas: Um Caminho de Esperança
Após seis meses de trabalho intenso, o projeto já apresenta resultados promissores. Foram realizadas campanhas de campo em diversas áreas estratégicas: Peçanha, RPPN Mata do Sossego (Simonésia), RPPN Feliciano Miguel Abdala (Caratinga), Parque Estadual Serra do Brigadeiro e Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira.
Um dos marcos mais significativos até o momento foi a identificação de dois indivíduos potencialmente manejáveis na localidade de Peçanha – fêmeas jovens que podem ser fundamentais para o futuro programa de manejo e translocação, visando o fortalecimento genético da população de Ibitipoca.
Construindo a Rede Pró-Primatas
Paralelo à busca pelos primatas, o projeto vem tecendo uma importante rede de apoio e conservação. Já foram realizados contatos com diversas instituições locais nas áreas visitadas, incluindo:
- Prefeituras municipais e suas secretarias de Educação, Agricultura e Meio Ambiente
- Escritórios locais da EMATER e IEF
- Fundação Biodiversitas
- Associação dos Amigos do Meio Ambiente
- Sociedade para Preservação do Muriqui
- Iracambi
- Fraternidade dos Franciscanos de Santa Maria dos Anjos
Essa articulação é essencial para garantir o engajamento comunitário e a sustentabilidade das ações de conservação a longo prazo.
Impactos nas Comunidades
Os efeitos benéficos do projeto já são perceptíveis nas comunidades visitadas. A ampliação da conscientização ambiental, especialmente sobre a importância do muriqui-do-norte e da biodiversidade local, tem levado os moradores a refletirem sobre suas ações e seu papel na conservação.
As atividades educativas em escolas, com distribuição de materiais informativos e palestras, têm proporcionado informações atualizadas sobre questões ambientais relevantes, enriquecendo o conhecimento da população sobre esses temas tão importantes.
A formação da “Rede Cidadã Pró-Primatas” fortalece a coesão comunitária em torno de metas ambientais compartilhadas, incentivando a colaboração e a participação ativa na preservação da biodiversidade local.
Desafios e Próximos Passos
Como todo projeto ambicioso de conservação, o Projeto Muriqui enfrenta desafios significativos, entre eles:
- Dificuldades de acesso a áreas remotas
- Condições climáticas adversas durante as campanhas
- Alta fragmentação dos habitats naturais
- Desafios para manter o engajamento contínuo das comunidades
Apesar desses obstáculos, a equipe segue determinada a cumprir as próximas etapas:
- Continuidade das campanhas de campo nas demais áreas de ocorrência da espécie
- Ampliação e consolidação da Rede Pró-Primatas
- Realização de reuniões para elaboração do plano de contingência para indivíduos solitários
- Elaboração do mapa de distribuição dos indivíduos localizados
Um Futuro Mais Promissor para os Muriquis
Os impactos esperados com a conclusão do projeto são transformadores:
- Aumento populacional dos muriquis de Ibitipoca
- Melhoria da diversidade genética, aumentando a viabilidade a longo prazo
- Maior proteção das áreas de ocorrência da espécie
- Estabelecimento de um modelo de conservação participativa
O Projeto Muriqui representa não apenas uma esperança para a preservação de uma das espécies de primatas mais ameaçadas do Brasil, mas também um exemplo de como a conservação efetiva depende da união entre pesquisa científica e envolvimento comunitário.
A jornada está apenas começando, mas cada passo dado representa uma vitória para a biodiversidade brasileira e para as comunidades que convivem com esse patrimônio natural inestimável.
Veja a seguir a apresentação deste relatório:
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