PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO MURIQUIS DE MINAS

Conservação da biodiversidade aliada à tecnologia, educação ambiental e disseminação de conhecimento científico. Estas são as principais características do Programa de Conservação Muriquis de Minas, idealizado por especialistas da organização não governamentoa Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB) há alguns anos e consolidado agora com o apoio da Fundação Biodiversitas e seus parceiros, graças ao financiamento vndo da Fundação Gupo Boticário de Proteção à Natureza. O projeto vem sendo pensado há alguns anos pela MIB e Reserva do Ibitipoca, importantes parceiros do programa, e tem como premissa a continuação de ações de conservação do muriqui-do-norte em Minas Gerais, previstas no Plano de Ação Nacional para a conservação dos Muriquis – PAN Muriquis.

O macaco muriqui-do-norte – endêmico da Mata Atlântica – é uma das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo. O muriqui-do-norte povoou os estados de MG, BA, RJ e ES. Mas a fragmentação de seu habitat natural resultou no confinamento da espécie em pequenas porções de mata, que atualmente correspondem a oito localidades em Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro e três no Espírito Santo. Classificado como Criticamente em Perigo na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2014) e pela avaliação da IUCN – International Union for Conservation of Nature (2016), o muriqui-do-norte é uma das poucas espécies da fauna brasileira que possui um Plano de Ação Nacional elaborado pelo ICMBio e por diversas instituições brasileiras. O PAN tem objetivo de estabelecer um direcionamento lógico de atuação, com base científica, a fim de reverter a situação de ameaça à espécie. Mas, segundo Fabiano Melo, biólogo, professor e pesquisador, responsável pelo Programa de Conservação Muriquis de Minas, até o momento grande parte das ações elaboradas para proteger os muriquis não foi implementada ou apresenta entraves de execução, especialmente por falta de financiamento. “Neste contexto, este Programa pretende preencher esta lacuna, contemplando a implementação das ações prioritárias para a conservação da espécie já previstas no PAN Muriquis” explica Fabiano. Para isso, o Programa contará com uma equipe multidisciplinar, formada por cientistas, estudantes, educadores, e envolve três vertentes de trabalho: pesquisa, manejo e educação.

“As ações são muitas, entre elas: quantificar populações, obter dados demográficos, genéticos e ecológicos, verificar a qualidade do habitat, desenvolver novos métodos e tecnologias para monitoramento continuado das populações, além da educação ambiental e da elaboração de um plano de manejo estadual para as populações isoladas, que inclui captura e translocação de indivíduos” informa o pesquisador. “As atividades de manejo e pesquisa também incluem o uso da tecnologia de eco-drones para aumentar o potencial de localização e monitoramento das populações” completa. Um importante desdobramento dessa ação foi a parceria com a Storm Security, empresa brasileira que atende a uma demanda específica pela construção de drones no país, desenvolvendo equipamentos sob encomenda, de acordo com as especificidades de uso.

Levantamento de dados, divulgação de conhecimento científico e envolvimento das comunidades

Muitos dos resultados esperados dependem de um programa continuado de educação e difusão científica, para disseminar conhecimentos de maneira acessível. Assim, dentro dos objetivos do Programa, ações de educação serão desenvolvidas contemplando a participação das comunidades, de modo que elas assumam novas atitudes que levem à diminuição da degradação ambiental, promovendo melhoria da qualidade de vida e reduzindo a pressão sobre as populações de muriquis em suas regiões. “Durante a execução do Programa, uma equipe formada por profissionais qualificados irá visitar várias localidades e será responsável pelo contato direto com o público alvo” explica Gláucia Drummond, bióloga, presidente e superintendente geral da Fundação Biodiversitas. “Vamos estabelecer parcerias com outros grupos de trabalho que atuam na região, que deverão disseminar as informações sobre a espécie, sua importância e a necessidade de conservar a natureza”, completa.

Todas as metodologias adotadas são padronizadas, de acordo com protocolos, previamente elaborados por especialistas e já apresentados ao Grupo de Assessoria Técnica do PAN Muriquis (GAT-PAN) em 2014. Deste modo, os dados sobre a densidade, estrutura, distribuição e status de conservação das populações estudadas serão coletados e analisados de forma integrada e tecnicamente correta. O Programa de Conservação Muriquis de Minas vai envolver não apenas a conservação desse primata – Brachyteles hypoxanthus -, mas também de todo o ecossistema em que eles ocorrem. “A ideia é utilizar o potencial guarda-chuva da espécie para a conservação de áreas florestais prioritárias” avisa Gláucia. “Esperamos promover a conservação dos muriquis por meio da estruturação de modelos de uso sustentável, visando a inclusão social das comunidades e a manutenção de processos ecológicos básicos para a melhoria da qualidade ambiental” completa.

Vale frisar que o modelo de busca pelo muriqui com os eco-drones pode ser replicado para outras espécies ameaçadas. Vários exemplos do uso desta tecnologia vêm sendo impementados no Brasil e no mundo. No Programa de Conservação Muriquis de Minas o diferencial é a identificação dos muriquis usando câmeras termais de alta definição.

Além da ONG MIB, que é executora das ações do projeto, a Reserva do Ibitipoca, Storm Security, as Universidades Federais de Goiás, Regional Jataí (UFG/REJ) e de Viçosa (UFV) também são parceiras institucionais da Biodiversitas neste projeto.

FINANCIAMENTO E PARCERIA

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