A serra é assim: rochas que almejam o céu. Um monumental e atemporal movimento que produz alturas e divide ambientes. Tamanha a dimensão das montanhas que a compõe, nossa limitada visão a aprecia somente face a face. Norte ou Sul. Face Leste ou Oeste. Em sua imponência, até mesmo as águas não têm escolha – ou correm para um lado ou para o outro. Generosa Serra vertente: nutri não apenas um, mas ambos os rumos à sua frente! E quando a chuva cai, cada riacho indica o sentido de sua natureza fluente.

Foi este o espírito de nossa expedição: dois lados da mesma Serra. Leste e as montanhas sombreando Monte Alverne. Oeste e as águas seguem para Dom Viçoso. Entre as duas vertentes, um ponto em comum – alegre cumeeira que conecta e define o fluir. Justo ali, nesta faixa conjunta, encontros de muriquis foram relatados. Um possível ponto comum entre grupos! Sem dúvida este local será foco de nossa pesquisa. Como olhos de águia, a lente do drone nos confirmou a importância da cumeeira e nossos planos se definiram entre acessar mirantes, mapear trilhas e buscar pontos ótimos para instalar as armadilhas fotográficas.

Mas já era final de setembro e as nuvens não foram convidadas para nossa reunião. Quiseram então nos lembrar que a água, além de fonte da vida, deve estar em nossa previsão. Chuvas então se seguiram ser dar trégua à nossa expedição. Com os planos em mente, aguardaríamos para num futuro próximo concluir nossa missão!

Entre idas e vindas, chuvas e estiagens, mapeamos trilhas, buscamos acessos e de mirantes observamos. Nos poucos dias favoráveis, nenhum muriqui se manifestou. Como a própria Serra indicava, se uma vertente está vazia a outra pode estar cheia. É uma questão de escolha: defina um lado, um caminho e deixe fluir. E se nada encontrar na ida, a volta pode tudo revelar. Voltaremos em breve! Afinal, em alguma das vertentes os muriquis continuam a saltar!